Julio Cesar Correa

January 22, 2025

Textoterapia #14 - Carência

Você já se sentiu carente de amor ou de algum tipo de afeto?

Editando este texto, me lembrei de algumas situações do passado, que vivi quando eu estava solteiro, onde algumas mulheres que eu estava conhecendo me disseram no meio da conversa  "notei que você é muito carente". Aquilo me soava como um demérito ou algum defeito que estavam me apontando.  E com o passar do tempo, eu também percebi que em determinados momentos achava as pessoas que estava conhecendo também "carentes demais".
 
Pois bem, fui estudando e destrinchando certos temas, e de antemão, quero que saibam que todos os seres humanos tem ou sente carência. E posso assegurar que é errado da nossa parte achar que há pessoas carentes e outras tão seguras de si , que não sente carência. Na verdade, o que difere entre as pessoas é a forma que essa "falta" é expressada, demonstrada e gerenciada dentro de si.

Do verbo em latin carere, a palavra se explica como "estar privado de", "faltar", "não ter" , onde essa falta, é de algum item essencial.
Sabemos que além de água e alimentos, essenciais à vida, precisamos também do sono, do sol  e de...afetos.
Para entender melhor, vou falar sobre o nosso nascimento e de onde surge as primeiras carências.

A carência ou carência afetiva é um sentimento que pode ser observado desde o nosso nascimento. Ao nascer, somos tirados da calmaria do útero materno para o mundo. Toda aquela calma e cuidado que tínhamos é arrancado de uma hora para outra. Éramos supridos integralmente pela nossa mãe. E, a partir do nascimento, se repararmos um bebê recém-nascido, toda "ausência" da presença da mãe é motivo de angústia. Seja por fome, necessidade fisiológica ou simplesmente "a falta" da presença da mãe por perto, causa a angústia na criança que é manifesta pelo choro.

Então, todos nós desde cedo aprendemos a lidar com as carências afetivas e de cuidado. Como somos seres biopsicossociais, nossa genética, o ambiente em que vivemos e a forma que nossa mente compreeende as coisas, vai colaborar no "como" que cada criança - e no futuro cada adulto -  vai gerenciar suas faltas, ausências e carências.


J. C. Corrêa