Julio Cesar Correa

October 22, 2024

Textoterapia #4 - Preso pelas palavras

Muita das vezes agimos como se algo estivesse escrito na pedra. Como se não pudéssemos mudar.
Aliás, você já ficou preso a uma promessa que fez para alguém? Já ficou preso em alguma conversa mesmo querendo sair dela?

Ou, já se viu frustado por não conseguir cumprir o que prometeu a si mesmo?

Primeiramente, este texto faz parte de um propósito meu de refletir sobre as pessoas que me cercam e as conversas que tenho, durante 21 dias. Estou compartilhando porque, vai que talvez seja útil para você, não?
 
Quantas vezes eu já prometi não voltar a falar com uma pessoa, mas passando um tempo, acabava  voltando a falar. Gente, por que isso acontece?

Quantas pessoas que já passaram em nossa vida e que nos procuram pela internet para "conversar".  Há aquelas tiveram alguma importância, mas há algumas pessoas que não agregam nada em nossa vida. E parecem que elas aparecem apenas para nos desfocar e atrapalhar.
Não somam.
E se não subtraem, fazem questão de atrapalharem a conta.

Por que mantemos estas conversas?
Por que mantemos estas pessoas por perto?
 
Quantas e quantas vezes as pessoas chegam apenas descarregar lixo emocional na gente. Como diz o psicólogo Rossandro Klinjey, a gente deixa ali o terreno sem cerca, e por minutos - ou horas - podemos nos tornar terreno baldio dos outros. Aí, pessoas fazem a festa descartando lixo em nós.
E nem levam multa depois.

Sempre pensava: "preciso responder a todas as mensagens que chegam no WhatApp e Instagram".
Preciso mesmo?
Bom, ainda estes dias eu estava pensando, poxa vida, eu presumo que quando alguém me manda mensagem é porque - por algum motivo - quer falar comigo. De certo, sou importante na vida dessa pessoa.
Será mesmo?

Não fiquemos presos pelas palavras.
Deveríamos prestar atenção nas conversas que chegam em nós e também naquelas que nós iniciamos. Quais são as atitudes dessa pessoa em relação a nós? Eu faço parte da vida dessa pessoa? Sou o que na vida dela?

Qual foi a promessa que fizemos para que tenhamos que manter estas pessoas conectadas em nossa vida?
Que promessa é essa de responder a tudo e a todos?

Aqui não estou falando de lealdade ou fidelidade, ok? Não é esse o tema. Falo sobre o fato de ficarmos presos em algumas pessoas, por meio das benditas conversas.

Logicamente, penso que temos que manter algo que prometemos sim, desde aquilo ainda esteja saudável em nossas vidas e nada vida do outro. Do contrário, até algumas promessas deveriam ser revistas.

Neste e nos próximos do Textoterapia eu decidi falar sobre conversa e silêncio.

Eu li a algum tempo atrás um texto do Nelson Rodrigues que diz: "A maioria das pessoas imagina que o mais importante no diálogo é a palavra. Engano: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão".

Eu sou músico (canto e toco alguns instrumentos musicais) e fiquei pensando depois...Nelson estava certo. Na música, tão importante quanto as notas, são as pausas. Aliás, uma pausa de mínima ou semibreve tem tanto valor quanto a nota tocada.

Para mim é muito complicado rejeitar uma conversa, porque eu realmente gosto de conversar.
Agora, como tudo na vida, podemos estar exagerando e aceitando qualquer tipo conversa.
Sem conteúdo, sem alegria, sem contribuição e sem crescimento.
Conversas sem futuro.

E se sou eu a pessoa que inicio a conversa? Por que ainda volto atrás destas pessoas?  O que tanto espero delas?
Vou tirar alguns dias para refletir e pretendo escrever por 21 dias sobre isso usando como devocional alguns textos do livro de Provérbios.

Irei escrever justamente para durante estes mágicos 21 dias, criar novos hábitos no cérebro. E nestes ciclos procurar transformar corpo, alma e espírito. Seriam um jejum? Bem, talvez seja.

Ao sair de uma conversa, principalmente se você já está desconfiado sobre o motivo de tê-la, se permita fazer algumas perguntas: Quem é essa pessoa que estou falando? O que ela quer na minha vida? O que eu quero com esta pessoa?
E mais algumas: Essa conversa soma na minha amizade, no trabalho ou nesse relacionamento?

Com nossos amigos temos conversas sérias, alegres, hilárias e até sem noção. E isso é ótimo pois nos trazem mais vida.
Estes dias estive pensando sobre algumas conversas que tive: quem são estas pessoas que converso?

Pensei, se meus amigos e amigas estão nessa lista aqui(fiz uma lista rs), quem são estas outras pessoas?
Por que elas estão ocupando o meu dia?
Por que estou preso a elas ?

São amizades que estão surgindo?
É algum tipo de relacionamento que está se iniciando?

Através do devocional ganhei uma pista: "Então, meu filho, agora você está nas mãos dessa pessoa. Mas há um jeito de sair disso: vá logo e peça que ela livre você dessa obrigação. Não durma, nem descanse; saia dessa armadilha, como um passarinho ou uma gazela escapa do caçador".

Devocional: D1-PV6:2-5

NTLH: "Você ficou preso pelas palavras da sua própria boca."
NVI: "Se você ficou preso pelas suas palavras e caiu na armadilha do que falou."
NIV: "You have been trapped by what you said, ensnared by the words of your mouth."


Júlio César